O tempo em Portugal tem estado um pouco instável, dando-nos um Verão algo estranho (sobretudo quando nós, portugueses, gostamos de calor e praia, não é?) mas neste caso, penso que o tempo nublado que se fez sentir no dia da sessão ajudou no processo de edição/adição de drama. Este mesmo tempo, no qual o Sol espreitava de vez em quando sobre um rio Tejo que se apresentava calmo, ajudou na escolha deste spot. Sobre o carro, não é o primeiro Honda Civic que publico aqui mas é, certamente, o mais divertido (graças ao dono) e interessante que já tive contacto, até hoje. Como leram no título, é um simples 1.4... Quer dizer, não tão "simples", talvez. Tem umas coisas. Muito engraçadas. De nome VTEC. Mas mantém-se como um 1.4... E porque não um swap K ou B? Ou mesmo um D16? Bem, o Brito, proprietário do carro, apenas quis fazer algo diferente, explorar as possibilidades desta unidade e, claro, deixar tudo... Ehrm... Minimamente "legal".
Irei ser algo técnico neste parágrafo para descrever algumas modificações, vamos a isto? O motor D14A4 que equipa este Civic recebeu uma cabeça D16Z6 com árvores de cames de polie regulável, colectores 4-2-1, admissão e distribuidor D16Z6 e uma centralina P28 para poder utilizar o sistema VTEC adicionado. Por falar na centralina, esta foi reprogramada pela RPM Motorsport e todas estas modificações permitiram passar de 90cv para cerca de 125cv. Não é um salto muito grande, mas suficiente para mudar a resposta e reacção deste Honda. Foi também colocada uma linha directa de 55mm com panela final Magnaflow. Como não é apenas no cofre que se focam os melhoramentos de performance, este Civic recebeu, também, a barra estabilizadora traseira de um Honda Civic VTI, o sistema de travagem completo de uma Honda Civic Aerodeck VTI, 282mm à frente e 262mm atrás, ao qual se juntam as tubagens em malha de aço. Também recebeu molas Eibach Pro Kit e amortecedores Koni Sport, para uma condução firme, mas precisa. Modificações simples, mas com qualidade, não concordam?
Uma vez que não são apenas as performances que fazem o carro, há também a necessidade de este nos arregalar a vista (nos, como quem diz, os próprios donos) e, por isso, este Civic tem algumas modificações simples para cumprir esta ideia. Alguns de vós, ao verem este post, já se devem ter interrogado sobre que cor veste este Civic, certo? Eu acredito que sim. É que, simplesmente, não é uma cor OEM, nem JDM! Acreditem ou não, esta cor veio... de um Fiat Punto mk1! Sim, este Civic tem um toque italiano! Bem, uma espécie de... Este pormenor torna-se ainda mais engraçado devido ao nome da pintura, "Verde Champion Pearl", que relembra, em parte, o tão desejado "Championship White" que vemos nos modelos Type R, como por exemplo no Integra e no EK9. Coincidências... O párachoques dianteiro recebeu um generoso lip e as jantes também vieram de uma Honda Civic Aerodeck VTI, recebendo uma nova pintura, em branco. E por falar em jantes, estas estão revestidas por uns fabulosos Advan Neova AD08. No interior alguns de vós devem ter reparado no quadrante JDM que, sim, veio de um Integra Type R JDM. Também devem ter reparado nos bancos que também vieram de um Honda Civic VTI e na manete Skunk2 com shifter K-Tuned, que ajudaram na melhoria da posição de condução e feeling.
Sendo assim, como se define este carro? Carro de dia-a-dia? Carro de trackdays? Carro de fim-de-semana? Encontra-se algures no meio destas definições, embora se extenda mais para um uso de trackdays ou voltas apressadas em serras, devido ao seu apetite voraz por rotações altas. E por falar nisso, este carro acabou por fazer um trackday, tal como está! Espreitem aqui! E portou-se bastante bem... Lembram-se de quando me referi às modificações de qualidade? Bem, juntem-nas à boa condução do proprietário e... 2min 22s foi o tempo registado no Autódromo do Estoril! Nada mau para uma primeira vez em pista, sobretudo com este humilde Civic, certo? Marquei presença nesse dia, quando se soube o tempo feito no Autódromo Fernanda Pires da Silva, e gostava que tivessem visto a felicidade estampada na cara do Brito. Parecia um miudito numa loja de doces e nós, eu e o nosso grupo de amigos, não pudemos evitar e "piorar" a situação e saudá-lo!
São momentos como este que nos acompanham, ao viver este mundo automóvel. Amizade. Acredito que este Honda Civic "italianado" seja um daqueles carros que junta as pessoas, carros esses que podem ser lentos, rápidos, feios, bonitos... Não interessa. Interessa sim, como conectam as pessoas. Estas ligações ganham força com o passar do tempo e uma prova disso mesmo foi estar no dia da sessão com um grupo de amigos em comum, tornando o tempo não aproveitado cada vez maior. Por outras palavras, mal se focou na sessão. Por longos minutos. Acontece, creio eu... Piadas, ameaças em tom de brincadeira (ou não?) de atirarmo-nos, uns aos outros, ao rio Tejo devido às malvadas piadas secas, ou às conversas sem nexo. É sempre a mesma coisa em todas as sessões privadas. Bom sinal, não?
Este spot foi uma segunda escolha já que o proprietário deste Civic quis que fosse feita em Sintra, e até chegámos a lá estar, há alguns meses, mas tal como lhe disse, este carro precisava de um fundo menos "verde", precisava de algo que lhe desse um factor "WOW", mas sem cair num cliché ou ser demasiado óbvio. Foi difícil escolher um bom spot, confesso, mas, felizmente, Almada tem spots como este em todo o lado e um ambiente urbano resultou bastante bem a destacar este carro. E foi este o resultado final.
Não o conduzi devido à falta de tempo (universidade assim o obrigou), apesar de todos os pedidos que o Brito me fez: "Vá lá Rodrigo, conduz o meu carro, quero saber a tua opinião sobre o carro, vamos!". Este rapaz consegue ser terrivelmente chato (sim, Brito, estou a falar mal de ti, na tua própria sessão!)... Mas não faz mal, haverá uma próxima vez e, quem sabe, iremos encontrar uma boa serra e ter tempo para... Vocês sabem. Test drives e afins. Contudo, alegra-me que o Brito, no fim desta sessão, e ao ver o resultado final, tenha aumentado a paixão pelo seu Civic.
Até à próxima!